Moçambique: mais de 800 mil pessoas foram forçadas a se deslocar desde o início de um conflito que parece estar longe do fim
12 Jul, 2022
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Em junho, a violência provocou o maior número de deslocados internos desde o início do ano; Mais de 30 mil pessoas fugiram de áreas antes consideradas estáveis



A província de Cabo Delgado é uma das regiões mais voláteis de Moçambique, palco desde outubro de 2017 de um intenso conflito armado que já resultou na fuga de cerca de 800 mil pessoas de suas casas. Ao longo do mês de junho, o medo da violência seguido de ataques confirmados provocou pânico e deslocamentos em larga escala em áreas próximas da capital da província, Pemba, que anteriormente eram consideradas relativamente estáveis, como os distritos de Ancuabe e de Chiure. Estima-se que mais de 30 mil pessoas estejam em movimento devido à violência em curso.


Este é o maior movimento de pessoas deslocadas registrado neste ano. Muitas pessoas fugiram múltiplas vezes e, a cada fuga forçada, viram-se obrigadas a deixar para trás os seus poucos pertences e meios de subsistência.


Durante o último ano, as forças armadas moçambicanas e as forças aliadas regionais aumentaram sua presença em algumas zonas .

Os focos de violência mudaram geograficamente, e as pessoas começaram a regressar aos locais que haviam sido atacados anteriormente, ou que estiveram sob o controle de grupos armados não estatais.


A situação permanece muito instável. As equipes de MSF estão distribuindo itens de primeira necessidade em diversos locais onde as pessoas se abrigaram logo após a ocorrência de ataques recentes, como em Ntele, no distrito de Montepuez, região onde chegaram mais de mil famílias no final de junho. A maioria das pessoas chegou ali com pouquíssimos ou nenhum pertence e em grande estresse psicológico. Até o momento, equipes da MSF distribuíram 701 kits contendo artigos essenciais de ajuda, como tendas, vasilhames, panelas e mosquiteiros. As equipes da organização continuam oferecendo assistência em áreas onde há projetos estabelecidos, como nos distritos de Macomia, Mueda e Palma.           


As necessidades humanitárias das pessoas são enormes, mas a ajuda é escassa


Algumas áreas da província de Cabo Delgado já acolhiam um grande número de pessoas deslocadas, e agora estão tendo que se adaptar a um novo fluxo de chegadas com impacto nas comunidades locais. Na maior parte dos locais, a ajuda humanitária disponível é insuficiente diante das necessidades das pessoas.


De forma geral, há um grande número de pessoas vulneráveis com necessidades humanitárias substanciais, desde cuidados de saúde, água e saneamento até alimentos. Em algumas das zonas de mais difícil acesso, especialmente nas partes ao norte e no centro da província, a assistência é muito limitada.


Equipes de MSF estão atuando em distritos onde as pessoas tiveram suas vidas dominadas pelo medo de ataques, contra-ataques e da possível eclosão de uma violência imprevisível. Em alguns casos, MSF é a única organização humanitária internacional que está atuando nesses locais de forma permanente, mesmo estando evidente a necessidade por uma maior oferta de assistência.


Muitas pessoas temem passar as noites nas vilas, porque sentem que estarão mais seguras nos campos de cultivo ou no meio da mata. No entanto, enfrentam outros perigos, como a malária, que é um grande problema na região. Em Macomia, por exemplo, quatro em cada dez adultos que passaram por consultas nas nossas clínicas em maio, e oito em cada dez crianças, testaram positivo para esta doença mortal.


Em toda a província, os cuidados especializados para problemas de saúde crônicos, como o HIV, costumam não estar disponíveis, apesar da prevalência dessas doenças na região. Em Mueda, uma vila montanhosa no Norte da província de Cabo Delgado, onde equipes de MSF trabalham no hospital local e operam clínicas móveis, a organização tem observado o estado de saúde de alguns pacientes se agravar após a interrupção de seus tratamentos.


Para mais informações acesse o site: www.interativadovale.com


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